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Foto do escritorM.V. Claudia Barbieri

Seu pet tem problemas articulares? Veja alguns nutracêuticos que podem ajudar!

A osteoartrose (OA) é uma doença comum em cães e gatos adultos e idosos, mas frequentemente é subdiagnosticada e pouco tratada. Trata-se de uma doença articular degenerativa e inflamatória caracterizada pela degradação da cartilagem articular de forma crônica e progressiva, com formação de osteófitos, espessamento e esclerose do osso subcondral, sinovite, derrame de fluido sinovial e fibrose [1, 3, 5]. Pode ser ocasionada por traumas, alterações ou desgaste das articulações e cartilagens, displasia de quadril ou cotovelo, luxação da patela ou ombro e osteocondrite.


Trata-se de uma doença crônico-degenerativa que afeta a cartilagem, osso e músculo esquelético, causando remodelação articular [1, 3]. Além disso, cães obesos, em decorrência dos altos níveis de estresse em suas articulações e cães com distúrbios como diabetes ou em tratamento prolongado com esteroides tem maior risco de desenvolver a doença [3].


Embora não tenha cura, a osteoartrose pode ser tratada com ótimos resultados a longo prazo. O tratamento normalmente inicia pelo controle da dor, que é uma etapa primordial, seguido do suporte nutricional das articulações. Não menos importante é o controle de peso dos animais para que haja melhor resultado [1, 3, 5]. Deve-se enfatizar que a osteoartrose ou outros problemas articulares não devem ser considerados "normais por conta da idade avançada" e não devem passar desapercebidos, já que causam desconforto e redução da qualidade de vida dos animais.


Mas como saber que seu animal de estimação está com osteoartrose?


Normalmente, o tutor observa uma maior dificuldade ao se movimentar ou ao subir ou descer escadas, mas existem outros sinais clínicos comuns, entre os quais:

  • Claudicação [1;3]

  • Rigidez das articulações [1;3],

  • Crepitação [1],

  • Inchaço periarticular [1],

  • Derrame palpável e dor após a manipulação da articulação e do membro[1].


É importante ressaltar que a fisiopatologia da OA é complexa e envolve processos como inflamação e degradação proteolítica da cartilagem e por este motivo, necessita de um tratamento multimodal. Na medicina veterinária convencional, a dor e a inflamação associadas a osteoartrose são frequentemente administradas por supressão farmacológica. Os antinflamatórios não esteroidais, muito usados nestes casos, são conhecidos por terem efeitos adversos importantes. Neste sentido, o uso de nutracêuticos é uma alternativa viável e eficaz para a prevenção e tratamento da doença, especialmente porque os podem ser utilizados com segurança por longos períodos atuando no alívio da dor e prevenindo a degradação da cartilagem [1,3].


A seguir, veremos algumas opções de nutracêuticos que tem ação antioxidante, antinflamatória, antinociceptiva e condroprotetora na osteoartrose.


Sulfato de Glucosamina e sulfato de condroitina:

Ambas são componentes da matriz extracelular da cartilagem articular. A glucosamina é um constituinte de glicosaminoglicano que desempenha um papel no crescimento e reparo da cartilagem articular, considerado um bloco de construção de cartilagem. Tem a função de proteger e reparar os proteoglicanos na cartilagem, promover o aumento da produção de colágeno e estimular a produção de ácido hialurônico sinovial.  


O sulfato de condroitina, por sua vez, é um glicosaminoglicano sulfatado que também é um constituinte normal da cartilagem articular [1]. Tem papel estrutural na matriz extracelular e na estrutura dos agrecanos da cartilagem articular. Agrecanos são uma proteína central de proteoglicanos específicos da cartilagem que conferem flexibilidade, deformabilidade, resistência à tração e à torção e capacidade de absorver choques e traumas. A condroitina atua de forma sinérgica com a glucosamina, sendo frequentemente associados em suplementos. Uma boa resposta terapêutica é observada após 4 a 6 semanas de uso.

 

Curcumina:

É o ingrediente ativo obtido a partir das raízes da Curcuma longa. Estudos demonstraram que a curcumina reduz a síntese de mediadores pró-inflamatórios proporcionando um efeito condroprotetor.  A administração oral de curcumina reduz significativamente a progressão da OA[1], além de inibir a proliferação de macrófagos e aumentar a síntese de colágeno tipo II, exercendo efeito antioxidativo, antinflamatório e condroprotetor[1]. Para maior biodisponibilidade e eficácia, deve-se preferir sempre a curcumina sob a forma de fitosomos, que proporciona um aumento da absorção de cerca de 29 vezes.

 

Um estudo publicado recentemente por pesquisadores italianos da Universidade de Perugia demonstrou que a curcumina em associação com a Palmitoiletanolamida, que veremos a seguir, reduziu a dor crônica em pacientes com osteoartrose de forma estatisticamente significativa [6].

 

PEA (Palmitoiletanolamida):

Trata-se de uma amida de ácido graxo endógena pertencente à família das N-aciletanolamidas. É produzida "sob demanda" por vários tipos de células, incluindo mastócitos, astrócitos e micróglia, sendo implicada na modulação da inflamação e da dor, podendo ser suplementada quando necessário. Tem uma ação canabimimética, ou seja, faz a ligação paralela nos receptores endocanabinoides, mimetizando o efeito dos receptores naturais dos mesmos. Neutraliza a ação de mediadores pró-inflamatórios, modula a neuroinflamação agindo sobre a microglia e os mastócitos, atua nos receptores de dor somática e visceral. É muito eficaz no tratamento da dor de origem inflamatória, neuropática, mista, aguda e crônica [6, 7]. Estudos demonstram sua atividade não apenas na redução da dor, mas também na preservação da morfologia periférica do nervo, redução de edema endoneural, recrutamento e ativação de mastócitos e a produção de mediadores inflamatórios no local da lesão [8].

 

MSM (metilsulfonilmetano): 

Devido ao seu alto teor de enxofre, é utilizado pelo corpo para manter o tecido cartilaginoso normal. Tem boa ação como antiartrítico devido ao seu potencial antioxidativo, antinflamatório e sua atividade analgésica. Na osteoartrose, o MSM tem a mesma função que os antinflamatórios não esteroidais, porém sem os efeitos colaterais[1].

 

Boswellia Serrata

Embora não seja um nutracêutico, mas um fitoterápico, decidi incluir a Boswellia neste artigo devido às suas excelentes propriedades terapeuticas e antinflamatórias. Os efeitos benéficos da Boswellia Serrata são atribuídos aos ácidos boswelicos que exibem efeitos antinflamatórios e propriedades antiartríticas, inibindo a síntese de leucotrienos, proporcionando melhoria na mobilidade articular e conforto[1,3]. Ela inibe a 5-lipoxigenase, NF-κB e MMP-3, além de impactar positivamente os biomarcadores de inflamação e artrite, reduzindo os sinais clínicos [1].  

 

Membrana da Casca do Ovo: 

A membrana da casa do ovo pode ser extraída e moída, transformando-se em um pó, que concentra alto percentual de colágeno, elastina, ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glucosamina e lisozima. A combinação destes componentes torna este nutracêutico excelente para a prevenção e tratamento de doenças articulares pois regenera e recupera a cartilagem, reduz a dor e aumenta capacidade motora, melhorando a mobilidade das articulações, auxiliando no desenvolvimento muscular e diminuindo a inflamação [1,4].

 

Colágeno UC-II

O colágeno tipo II é a principal proteína estrutural encontrada na cartilagem, proporciona flexibilidade e suporte às articulações ósseas e é responsável por sua resistência à tração e tensão. É eficaz e melhora a dor associada à artrite, podendo ser utilizado por períodos longos. No caso de osteoartrose, o UC-II pode promover uma redução da inflamação, visto que reduz a COX-2 e as citocinas inflamatórias como a IL-1 e IL-6 [2]. 

 

Conclusão:

Como a osteoartrose requer tratamento de longo prazo, seja para melhorar a qualidade da articulação quanto para reduzir a dor, os nutracêuticos são uma excelente opção pois, além de terem sua eficácia cientificamente comprovada, podem ser utilizados por longos períodos, com eficácia e segurança, melhorando a qualidade de vida dos animais.

 

Referências:

 

1.     GUPTA, R. et al. Nutraceuticals in Veterinary Medicine. Ed. Springer Nature Switzerland AG, 2019.


2.     GUPTA, R. et al. Comparative therapeutic efficacy and safety of type-II collagen (uc-II), glucosamine and chondroitin in arthritic dogs: pain evaluation by ground force plate. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition; 2011; Blackwell Verlag GmbH.


3.     MUSCO, N. et al. Effects of a nutritional supplement in dogs affected by osteoarthritis. Vet Med Sci. 2019; v. 5;  pp. 325–335.


4.     RUFF, K.J. et al. Effectiveness of NEM® brand eggshell membrane in the treatment of suboptimal joint function in dogs: a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled study. Veterinary Medicine: Research and Reports 2016:7 113–121.


5.     RYCHEL, J.K. Diagnosis and Treatment of Osteoarthritis. Top Companion Anim Med . 2010 Feb;25(1):20-5.

 

6.     Della ROCCA, G. et al. Palmitoyl‑glucosamine co‑micronized with curcumin for maintenance of meloxicam‑induced pain relief in dogs with osteoarthritis pain. BMC Veterinary Research (2023) 19:37.

 

7.     Della ROCCA,G & RE, G. Palmitoylethanolamide and Related ALIAmides for Small

Animal Health: State of the Art. Biomolecules 2022, 12, 1186

 

8.     D’AMICO, R. et al. ALIAmides Update: Palmitoylethanolamide and Its Formulations on Management of Peripheral Neuropathic Pain. Int. J. Mol. Sci. 2020, 21, 5330.






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