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Foto do escritorM.V. Claudia Barbieri

O Poder dos Nutracêuticos na Proteção e Regeneração do Fígado: Uma Abordagem Natural para melhorar a Saúde do seu Pet

O fígado é o maior órgão da cavidade abdominal e um dos mais importantes do corpo[1, 2, 3], tendo inúmeras funções vitais dentre as quais citamos a detoxificação, suporte metabólico, filtração de partículas, síntese de proteínas plasmáticas, secreção e excreção bile, participação no metabolismo de vitamina A, B, D e K e participação na hematopoiese, que é o processo de produção de células sanguíneas

 

Trata-se de um órgão muito vascularizado e portanto, muito exposto a diversos compostos absorvidos através do trato gastrointestinal. Devido ao seu papel no processamento, biotransformação e desintoxicação de xenobióticos, ou seja, agentes químicos estranhos ao organismo, que devem ser eliminados para evitar prejuízos à saúde, o fígado é regularmente exposto a compostos potencialmente prejudiciais[3].


A resposta mais comum dos células hepáticas a insultos não letais é degeneração hepatocelular, onde as células degeneradas podem acumular substâncias como gordura, glicogênio e cobre. Muitas vezes, a degeneração hepatocelular é reversível e transitória, contudo, lesões mais graves podem progredir até a morte celular por necrose ou apoptose, que é morte celular programada [2].


Além disso, pode-se ter a doença colestática hepática, que ocorre quando lesões hepáticas interferem na capacidade dos hepatócitos em excretar bile, podendo ser  causada por desarranjos metabólicos em hepatócitos, inchaço hepatocelular, obstruções nos canais biliares ou obstrução da vesícula biliar [2].

Adicionalmente, a esteatose ou lipidose hepática, também conhecida como “fígado gordo” é marcador comum de insulto hepatocelular moderado a severo. Neste caso, os hepatócitos se distendem com a gordura. Apesar de ser benigna e reversível, sem tratamento, pode progredir e resultar em lesão hepática crônica progressiva, fibrose e até neoplasia [2].


A boa notícia é que o fígado tem uma grande capacidade de reparo e regeneração após insultos agudos ou crônicos. Quem nunca viu aquela conhecida figura da mitologia grega onde Prometeu tem seu fígado comido por um corvo? Mas a extensão da regeneração depende do equilíbrio entre vários fatores, como a regulação do ciclo celular, metabolismo e angiogênese, entre outros[2].


Para auxiliar neste processo, existem muitos nutracêuticos com potencial antioxidante, antinflamatório, antifibrótico, antiproliferativo e antineoplásico que podem ser utilizados com objetivo de melhorar o funcionamento e a saúde deste órgão! Vamos ver alguns deles:


  1. S-Adenosilmetionina (SAMe): Usado na medicina veterinária como terapia adjunta no manejo de hepatopatias de origem inflamatória, metabólica ou colestática, principalmente em cães e gatos. É útil no reestabelecimento da função hepatocelular, atenuando a produção de radicais livres, reduzindo a inflamação, melhorando os mecanismos de desintoxicação e eliminando agentes tóxicos, além de melhorar a função da membrana e estimular o reparo hepatocelular [2].

  2. N-acetilcisteína (NAC): Usada em casos eminentes ou presentes de intoxicação hepática grave e situações que envolvem danos oxidativos às hemácias. Na medicina veterinária, tem sido recomendado para intoxicações causadas por paracetamol, diazepam, antinflamatórios não esteroidais, cogumelos tóxicos e síndrome de lipidose hepática associada a anemia hemolítica por corpúsculos de Heinz [2].

  3. Silimarina (Extrato de Cardo mariano): tem ação antioxidante, melhora a regeneração hepatocelular por aceleração da síntese de DNA e tem reduz a fibrose hepática uma vez que inibe a formação de colágeno reativo em lesões hepáticas. A estimulação da síntese de ácido biliar pela silimarina resulta em maior fluxo biliar. Também tem atividade hepatoprotetora e em várias hepatotoxicoses induzidas por xenobióticos, inclusive aquelas causados por cogumelos hepatotóxicos, paracetamol, ferro, cisplatina e metotrexato, entre outros [2].

  4. Vitamina E: É uma vitamina lipossolúvel essencial, com grande capacidade antioxidante. É absorvida pelo intestino proximal, sendo que o grau de absorção depende da quantidade de lipídios ingeridos e da quantidade de bile secretada, além da presença de enzimas digestivas. O papel mais importante da vitamina E é reduzir os danos da peroxidação da membrana hepatocelular [2].

  5. Curcumina: É o principal componente da Curcuma longa, sendo  muito utilizada para tratar uma vários problemas de saúde, devido a suas propriedades antioxidantes, antimicrobianas, antinflamatóriqs, antivirais, anticancerígenas e antidiabéticas. A Curcumina reduz o nível de esteatose hepática e previne a contra a redução da expressão do citocromo P450, responsável por facilitar a excreção de substâncias indesejáveis, bem como pela ativação ou desativação de muitos fármacos, toxinas, etc. [3].

  6. EPA/DHA: São ácidos graxos essenciais polinsaturados cuja suplementação reduz  os níveis de colesterol e triglicérides.

  7. Berberina: Excelente regulador do metabolismo lipídico, tendo efeito anti-hiperlipidêmico, reduzindo o colesterol e triglicérides, além de regular os ácidos biliares. Também tem efeitos antinflamatórios, antioxidantes, anti-fibróticos e anti-cancerígenos, que contribuem para a proteção do fígado [5].

  8. Ácido Elágico: Presente em várias frutas, como a romã, tem atividade antioxidante atua na peroxidação lipídica, protegendo as células de danos oxidativos. Tem efeito protetor contra várias substâncias que prejudicam a função hepática. Além disso, também é benéfico para doenças crônicas associadas a danos oxidativos, incluindo câncer[1].

  9. Spirulina (Arthrospira platensis): A alga microscópica e filamentosa de alto valor nutricional, contribui para redução da lipemia e da glicemia, além de agir como antiviral, protetor hepático, anticancerígeno, antinflamatório e antioxidante. Adicionalmente, atua como quelante de metais pesados [2].

  10. Taurina: Atua como antioxidante e estruturador da membrana celular e sua suplementação contribui para a redução dos níveis de colesterol no sangue, evitando a exacerbação dos danos hepáticos na doença colestática [4].

 

Referências: 

1) ASLAN, A. et al. Ellagic acid impedes carbontetrachloride-induced liver damage in rats through suppression of NF-kB, Bcl-2 and regulating Nrf-2 and caspase pathway. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 105 (2018), pp. 662–669.

2)  GUPTA, R. et al. Nutraceuticals in Veterinary Medicine. Ed. Springer Nature Switzerland AG, 2019.

3)  GUPTA, R. Nutraceuticals: Efficacy, safety and toxicity. Ed. Elsevier, 2016.

4)  RODELLA, P. et al. The Effect of Taurine on Hepatic Disorders. Curr Updates Hepatol Gastroenterol. (2017) 1: 1.1.

5) ZHOU, M. et al. The pharmacological activity of berberine, a review for liver protection. European Journal of Pharmacology. 2021 (Article in Press).





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