A Homeopatia é uma ciência que se originou da Medicina Hipocrática da Grécia antiga, guardando semelhança nos seus princípios, já que ambas consideram os processos saúde e doença como oriundos do equilíbrio e desequilíbrio do organismo, respectivamente. Seus fundamentos datam de 1796, quando o médico alemão Samuel Hahnemann estudou a China officinallis, medicamento então utilizado para a o tratamento da malária. Ele observou que esta droga causava, em indivíduos sadios, os mesmos sintomas da doença a que se destinava. A partir de então, ele continuou as pesquisas nesta área e voltou à prática clínica adotando a Homeopatia como único tratamento (SANTOS; SÁ, 2014).
Etimologicamente, a palavra "homeopatia" é derivada do grego, sendo "homios" significando "similar" e "pathos" significando "doença ou sofrimento". A homeopatia é, portanto, a ciência terapêutica que se baseia na lei dos semelhantes, representando um método que se adapta à totalidade sintomática do doente (KOSSAK, 2003).
Apesar de algumas limitações para conduzir estudos científicos em Homeopatia, crescem as evidências da eficácia da homeopatia humana e veterinária em geral tanto no tratamento de doenças crônicas, quanto tratamento de infecções e casos agudos, sendo possível encontrar atualmente, estudos metodologicamente de alta qualidade em homeopatia. Isto é de extrema importância, especialmente quando pensamos nos impactos gerados pela crescente resistência aos antimicrobianos e pela poluição do meio ambiente por resíduos de medicamentos sintéticos no âmbito da saúde humana e animal.
De acordo com dados obtidos no Homeopathy Research Institute (HRI), o uso da homeopatia vem se expandindo à nível mundial. Em todo o mundo, mais de 200 milhões de pessoas usam a homeopatia regularmente e a homeopatia está incluída nos sistemas nacionais de saúde de vários países, por exemplo, Brasil, Chile, Índia, México, Paquistão, Suíça.
No âmbito da Medicina Veterinária, também se observa uma expansão do uso da homeopatia nos últimos anos. Uma pesquisa realizada na Noruega em 2004 mostrou que a opção de tratar animais com homeopatia inclui, além da experiência pessoal positiva de tutores e produtores rurais, outros fatores como o desejo de reduzir a utilização de antimicrobianos, redução de custos operacionais e busca por alternativas mais sustentáveis ambientalmente (HEKTOEN, 2004).
Um estudo de Mathieu, publicado em 2010, coletou dados do tratamento homeopático de cães e gatos a fim de demonstrar a eficácia desta especialidade médica na Veterinária. O estudo se baseou nos dados registrados por 21 médicos veterinários homeopatas, referentes ao tratamentos de cães e gatos, durante 12 meses. No total, foram compilados os dados de 400 gatos e 1504 cães. No que tange aos felinos, 117 diferentes condições médicas crônicas foram tratadas com homeopatia. Dentre as condições mais frequentes, podemos citar as dermatites (69,6% de sucesso), insuficiência renal (57,1% de sucesso), overgrooming (57,1% de sucesso); artrite (80,0% de sucesso) e hipertireoidismo (66,7% de sucesso). Em cães, foram tratadas com homeopatia 301 diferentes condições médicas crônicas, sendo que as mais frequentes foram dermatite (66,2% de sucesso), artrite (80,2% de sucesso); piodermite (75,8% de sucesso); colite (85,2% de sucesso); medo (31,6% de sucesso); epilepsia (63,6% de sucesso); otite externa (72,7% de sucesso); diarréia (68,2% de sucesso); incontinencia urinária (73,7% de sucesso); agressão (57,1% de sucesso); espondilose (81,0% de sucesso) e linfoma (40,0% de sucesso).
Como se observou no estudo mencionado anteriormente, uma vez que a abordagem homeopática se caracteriza por tratar o doente e não a doença propriamente dita, pode ser utilizada como tratamento de qualquer desequilíbrio apresentado pelo indivíduo em qualquer fase de sua vida, tendo algumas vantagens em relação ao tratamento convencional. Dentre as vantagens do medicamento homeopático, está a melhoria dos sintomas e lesões sem grandes efeitos colaterais. Ademais, por ter um custo relativamente baixo, o tratamento homeopático torna-se uma alternativa acessível a maioria dos pacientes.
Referências:
HEKTOEN, L. Investigations of the motivation underlying norwegian dairy farmers' use of homoeopathy. Veterinary Records, London, v. 186, n. 1, p. 701-707, Nov. 2004.
KOSSAK-ROMANACH, A. Homeopatia em 1000 conceitos, 3 ed., Elcid, São Paulo, 2003.
MATHIE, R.T. et al. Homeopathic prescribing for chronic conditions in feline and canine veterinary practice. Homeopathy, Stuttgart, v. 99, n. 4, p. 243-248, Oct. 2010.
SANTOS, R.; SÁ, F.M.P. Homeopatia: histórico e fundamentos. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, v. 5, n. 1, p. 60-78, Jan-Jun, 2014.
WEIERMAYER, P. et al. Evidence-Based Human Homeopathy and Veterinary Homeopathy. Comment on Bergh et al. A Systematic Review of Complementary and Alternative Veterinary Medicine: “Miscellaneous Therapies”. Animals 2022, 12, 2097. https://doi.org/10.3390/ani12162097
https://www.hri-research.org/resources/essentialevidence/use-of-homeopathy-across-the-world/ (acesso em 10/08/2023)
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